Hoje liberamos a nuca, extirpamos a separação cabeça-corpo, viramos um tronco enterrado na areia: sem pés, sem braços, sem olhos. Só um tronco, movido pelo vento, molhado pela chuva. Aí surge um desejo, do centro da terra, um movimento ejetor, anti-gravidade, que nos desloca e nos joga para cima. Pulamos e pulamos. Pulamos tanto, que o totem-índio pula também de dentro da lareira e entra na roda. Os choros de Villa-Lobos viram danças de pataxós e os troncos-corpos dançam, recuperando os membros, a nuca, a cabeça. No fim, nos deixamos mimar pelo chão, pela terra, pelo colo que nos recolherá algum dia. Depois disso, somos só risos, vinho, alegria em volta da mesa. Tutu-Marambá, Pesquisas das Artes do Corpo.
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